E por falar em Sonho…
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Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista."
Cora Coralina: poetisa da simplicidade e da força feminina, que com mãos de doceira e coração de guerreira, transformou a poesia em espelho da alma da mulher brasileira
Imagine uma mulher de fibra, nascida no Brasil colonial(1889), que misturava as esperanças com as lutas do cotidiano. Alma corajosa, desde menina, ela via poesia nas coisas mais simples…
Mas teve que silenciar seus versos para atender aos chamados de uma época que pouco ouvia a voz feminina (mudou nada até hoje, né?). Suas obrigações como mãe e dona de casa exigiram prioridade e a literatura ficou em segundo plano por muitos anos.
Durante o dia, as mãos, que poderiam traçar estrofes e sonetos, misturavam os ingredientes para os doces, que vendia para sustentar a família. Com a mesma precisão que pesava a farinha e o açúcar, pesava seus sonhos, esperando pacientemente o momento de deixá-los voar.
Sob a luz de lamparinas, quando o mundo adormecia, ela despertava suas esperanças em cadernos. Enfrentou o peso dos olhares que julgavam suas escolhas, o tempo que insistia em correr, e as adversidades que tentavam, em vão, embaçar seu brilho.
Com as mãos calejadas e o coração cheio de histórias, ela se tornou exemplo. Aos setenta e cinco anos, quando muitos pensam em descansar, Cora Coralina viu seu talento ser reconhecido pelo país, provando que não há ocaso para quem tem a poesia como destino.
Lembremos de Cora quando o mundo parecer grande demais pros nossos sonhos. Como ela, somos todas feitas de estrelas, esperando o crepúsculo para finalmente brilhar.