Virada de Chave 🗝️​🔓​ (parte 1)

terça-feira 27 de Dezembro 2022

Há bastante tempo vivia infeliz, sem poder cuidar de mim e sem enxergar uma luz na escuridão, uma saída. Minha vida se resumia a cozinhar, lavar, passar, arrumar, alimentar, levar, buscar, dar banho, botar pra dormir…. No dia seguinte tirar da cama e começar tudo de novo, numa rotina que já durava 7 anos. Já não conseguia saber quem era eu mesma. Sentia um misto de angústia e esperança de sair desse pesadelo. Ao amanhecer, o programa de sempre: café da manhã para as crianças e pro meu agressor, lanche para as crianças na escola. Desta vez, Sandra ajudava, porque estava em casa conosco nas véspera  de pegar vôo com Minha filha pra Alemanha. A casa estava de pernas para o ar, mas estávamos ansiosas. Ela porque iria realizar o sonho de viajar de avião, além de conhecer a neve e visitar a irmã. Eu, pela expectativa de alívio da minha carga de trabalho, já que ficaria só com uma criança pra cuidar nessa tempo.

Fim da manhã, hora de buscar os dois na escola. Depois do almoço, arrumar as malas. Eu e Sandra tínhamos programado para ir ao shopping center Recife, comprar os ultimos itens pra viagem. Saí levando Sofia e Cadu (nomes fictícios) e lembro que mal tinhamos acabado de chegar, já tinha recebido ligação do senhor-feudal. Com o telefone no modo silencioso, não percebi a tempo de tender e ele ligou então pra Sandra, perguntando onde nós estávamos. Nem preciso dizer que ele não atendeu minhas ligações de retorno… Achando pouco, voltou a me bloquear. Sem novidade: desde outubro nos comunicávamos pela secretária dele, o pombo-correio que recebia minhas mensagens e repassava pra ele e vice versa. Às 17:50 de volta pra casa, encontramos o machão com ódio estampado na cara. Mesmo assim arrisquei perguntar: “Você ligou?” “O que queria?”  Resposta: “Nada.”

Ok. Fomos pra cozinha eu e Sandra dar a sopa de Caio. Eis que o carrasco vem até nós pra dizer que trouxe o sobrinho pra passar 23 dias como hóspede em casa. Eu a quem cabia cozinhar, lavar, passar  e arrumar, além de cuidar das crianças, receber esse pacote extra, sem ser avisada – muito menos consultada??

O “hóspede” já tava até dentro de casa. Estupefata só consegui dizer: – Eu não acredito! Não tenho condições de receber ninguém. Estou  cansada de um ano inteiro de calvário, com duas crianças operadas…​😵😖 Mas contrariar o soberano, só me gantiu a agressão verbal de costume. Ora, se era eu que assumia todo o serviço doméstico,  nada mais justo do que me avisar que queria trazer mais uma outra pessoa. Mas como eu ousava querer ter direito à opinião dentro de casa?!  E ainda por cima cometer o “disparate” de lembrá-lo que não era empregada dele! Minha unica saída foi pedir a Sandra pra ficar com Cadu, enquanto eu sairia por 5 minutos pra me acalmar correndo. Calcei o tênis e quando passei pela sala pra sair ele, que já discutia com Sofia, teve a pachorra de me cobrar moralmente por ter recebido dinheiro do seu irmão (dinheiro esse dado pra EU comprar os presentes de Natal dos sobrinhos dele).💵​💸​ Respondi admirada que não sabia que os “presentes” tinham sido dados em troca da hospedagem. E frisei: “Esse apartamento não é hotel.” Aí o vingador imediatamente se levantou e me encurralou contra a parede, dando 3 socos na minha cabeça.🤜​👤

Depois dos golpes, corri pra cozinha onde Sandra estava com Cadu e tentei fechar a porta. Mas ele veio atrás possesso ao me ouvir chamá-lo de covarde e agressor de mulher. Pegou um banquinho de madeira maciça para jogar contra mim. Sofia, com 10 anos, pra me defender, se postou na minha frente, eu com toda veemência que podia falei: “Sofia se afaste. E você, pode atirar, não vou sair daqui”

Ainda atônitas fomos as três pro quarto de Sofia e somente ali pude me dar o direito de chorar. E só foi eu tentar fechar a porta, que ele ressurge parecendo o Hannibal, querendo me engolir viva. Eu implorava segurando na porta.​🚪​💣​ -Saia daqui, saia daqui, saia daqui! – A Sandra eu pedia pra segurar a porta. -Me ajuda, Sofia! A todo mundo eu pedi socorro. Mas a gente não conseguiu bloquear e ele entrou no quarto. Sandra quase torce o pé de tanto pressionar a porta contra os empurrões dele. Sofia ganhou arranhões profundos no braço. Eu continuava aos gritos de saia daqui, fulano! Saia daqui!! Nenhum desses gritos chegou aos ouvidos do sobrinho dele, que sequer se abalou de sair de dentro do quarto de hóspedes onde estava confortavelmente instalado. Minha esperança era que ele pudesse frear o tio naquele ataque insano. Pelo visto, preferiu fazer cara de paisagem enquanto o circo pegava fogo.​🔥​🔥 Mais um motivo pra não aceitá-lo, e pedi pra ele sair. Sandra implorava várias vezes: “fulano, não faça nada contra Ana. Olhe as crianças!

Ainda na frente delas botei mão sobre a testa machucada, e olhando fixamente pra ele disse: – A partir de hoje, nunca mais você vai encostar a mão em mim.🛑​​✋ – Nesse momento sem ter nem idéia de como faria pra conseguir isso, apenas me importava que a decisão estava tomada. Eu não iria mais passar por aquilo, nem deixar meus 2 filhos crescerem vendo a mãe ser massacrada. O perverso ainda me ofereceu o próprio celular (bloqueado) em tom de deboche: “Toma, liga pra polícia!” Ao ver que me fui pegar o meu próprio, o metido-a-valente tentou me agarrar. De novo: – Me solte, me solte, que eu vou pegar meu celular!! Meu aparelho estava escondido, depois que ele já tinha estourado o anterior na parede por eu ter chamado a polícia em outros 2 episódios de terror dentro de casa. Quando eu sentia o perigo, tinha que prontamente esconder minha única chance de obter ajuda.📳

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